19 de dezembro de 2011

Que tal fazer seu Balanço Patrimonial?

Mais um ano se passou, e parece que cada vez mais rápido!

Já é tradição aproveitarmos esses momentos de festas, férias, reuniões em família e descanso para refletir sobre a vida, pensar no futuro, avaliar o ano e fazer promessas para o novo tempo que está chegando.

Mas este é também um momento muito especial para qualquer empreendedor. É hora de "fechar para balanço", fazer as contas, reajustar os planos, elaborar projeções de investimentos, despesas, viagens... E isso não é coisa que devamos entregar aos nossos contadores, gerentes de bancos e amigos. A não ser que seus conselheiros já sejam ricos, com certeza farão com o seu dinheiro o que a maioria desses profissionais faz com o deles próprios: nada.

Afinal, como diz um comercial de banco atual, "ou você ou o seu dinheiro terão de trabalhar pelo resto da sua vida". O que você prefere?

Por isso, a virada do ano é também ideal para se fazer um Balanço Patrimonial. O que é isso? Simples: faça uma planilha listando todos os seus bens, tudo o que você tem de valor (carro, imóvel, estoque de produtos, ações, poupança, saldo no banco...). "Passe a régua" e você tem o seu total de Ativos. Depois anote à direita todos os seus Passivos (saldo financiado a pagar do carro, apto etc.).

Basta diminuir as dívidas dos ativos e você terá o seu Patrimônio Líquido no final de 2011. Vá mais adiante! Compare seu PL atual com o do ano anterior, para ver qual foi o seu acréscimo patrimonial (para um empreendedor, jamais existe decréscimo!), e vá voltando no tempo, ano a ano, o quanto desejar.

Isso é fundamental para o monitoramento da evolução dos seus planos pessoais, de curto, médio e longo prazo. O que quer que você planeje fazer nos próximos 5 anos, posso garantir, demandará uma boa quantia de dinheiro.

Fazer seu BP Pessoal é como se você estivesse rodando em uma estrada rumo ao destino desejado, mas de tempos em tempos precisasse dar uma parada para ter certeza de que está no rumo certo, o equipamento está bom, as reservas são suficientes até as próximas paradas...

Feito seu Balanço e Evolução Patrimonial, avalie sua Renda de 2011: anote quanto você ganhou em cada mês, por fonte de arrecadação, somando o total mensal, separando Remunerações Fixas e Variáveis. Depois some o total do ano e divida por 12, para termos sua Receita Anual Bruta, bem como a Média Mensal. Faça o mesmo com suas Despesas (se você é mesmo empreendedor, já deve tê-las listadas e sob seu estrito controle): separando-as entre Fixas e Variáveis, calculando seu Gasto Anual e Média Mensal.

Somente a partir daí é possível fazer um consistente Plano de Investimentos, para 2012 em diante! Mas a regra básica do investidor é: para investir, é preciso sobrar; para sobrar, ou se arrecada mais, ou se gasta menos, ou ambos. Se já está sobrando, ótimo! Defina onde você aplicará este recurso, pois se não aplicá-lo é muito provável que chegue ao final do próximo ano sem saber onde foi parar esse dimdim sagrado... Se não está sobrando, planeje o que fazer para sobrar.

Essa é a essência do ciclo de evolução patrimonial: PL sempre crescente.

Ou seja, em toda virada de ano devemos tirar uma "fotografia" sobre nosso patrimônio, renda, planos e perspectivas. E nem é preciso dizer, pois como empreendedor você já sabe que com essas informações poderá fazer muitas escolhas positivas, atuar nas fontes de arrecadação menos relevantes, para que cresçam, ou adquirir um consórcio, financiar um imóvel, planejar novos produtos.

Poderá também cortar aquela despesas supérfluas que decorrem de hábitos muitas vezes nem tão saudáveis. Só não planeje "investir" em passivos, comprar coisas pelo desejo de consumo antecipado, pois isso tem um preço, chamado juros. Aliás aqui outro bom princípio: jamais pague mais de juros do que você receberá de retorno pelo investimento que fez. Pague juros de 2% se você for ganhar pelo menos 2% de retorno onde aplicará o dinheiro financiado.

Posso lhe garantir que, quanto mais rigoroso for seu controle sobre suas finanças, patrimônio e renda, avaliando o passado e planejando o futuro, mais prosperidade você alcançará! Estabeleça suas metas, seus prazos, cumpra seus próprios planos! E faça um bom swádhyáya patrimonial periódico.

Afinal, para que serve a prosperidade se não para nos trazer liberdade, autossuficiência, segurança, conforto, satisfação, saúde, estabilidade? E esses conceitos fazem parte do nosso Método DeRose!

Para encerrar essa conversa, tão interessante aos empreendedores quanto temerosa aos simples "consumidores", seguem algumas dicas de documentos que você deve guardar toda virada de ano, para que este seu Balanço Patrimonial tenha valor, mediante registro da sua Declaração Anual de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF).

E lembre-se, jamais declare-se isento do Imposto de Renda, para prosperar é preciso pagar muito imposto! Deseje pagar bastante, pois assim estará com certeza ganhando muito!

Bom final de ano!

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Caros amigos, estamos chegando ao final do ano, e está na hora de prepararmos o IRPF, como sempre.

Se você tem uma empresa (ME etc.), precisa começar solicitando ao seu contador o fechamento da contabilidade - você precisará desses dados para gerar os Informes de Rendimento com retiradas de lucros e Pró-Labore pra fazer sua Declaração Anual.

Separe também em uma pasta organizada os documentos listados abaixo. Aliás, é bom sempre no início de cada ano abrir um envelope para o IRPF e ir guardando seus documentos principais lá ao longo do ano, para já ter tudo pronto nessa hora.

  • Declarações de rendimentos de todas as contas bancárias - pode ser tirada pela Internet. No extrato da net ou na máquina do banco sempre tem algum link para “Informe de Rendimentos 2011”;
  • Extrato de 2011 de investimentos em títulos de capitalização, aplicações, fundos fixos, ações etc., se já não estiver no mesmo extrato do banco;
  • Extrato de previdência privada referente a 2011 – pode ser pedido no banco ou até retirado pela internet;
  • Documentos de compras ou vendas de carros, imóveis etc., se houver – contrato de compra e venda, recibos, cópia do DUT ou NF do carro etc.;
  • Extrato de pagamentos e saldos devedores de carros ou imóveis financiados – pode ser pedido na construtora ou no banco ou financeira;
  • Extrato de pagamentos e saldos de consórcios de carros imóveis e outros bens;
  • Recibos de receitas de aluguéis ou aulas de alunos – feitos ao longo do ano.
  • Recibos de despesas com médicos, clínicas, hospitais, cirurgias, dentistas etc.
  • Extrato de pagamentos do plano saúde de 2011 – pode pedir pra enviarem por e-mail ou tirar pela internet, lembrando que só valem notas fiscais ou recibos oficiais, numerados e com a identificação do profissional ou empresa;
  • Outros documentos de aquisição ou venda de bens, ou dívidas contraídas ao longo do ano, ou outra mudança patrimonial significativa;
  • Declaração do IRPF do ano anterior, se vinha sendo feita;
  • Por fim, DECORE da Empresa (pra quem é sócio de alguma), incluindo os totais de retirada de lucro e Pró-Labore.

1 de dezembro de 2011

Seu TIM está com uma PORCARIA de sinal? RECLAME!

Você tem celular TIM e o seu sinal está uma PORCARIA?

E toda ligação (supostamente gratuita) sempre FALHA e CAI após uns 30 segundos?

Ligue para a Anatel (disque 1331) ou entre no site www.anatel.gov.br e registre sua reclamação entrando no Atendimento Eletrônico, em Fale Conosco.

Só assim eles terão de resolver! Precisamos de volume de reclamações para acabar com essa vergonha de serviço!

Veja a resposta que recebi da Tim. Claro que não conseguiram falar comigo, o celular não funciona e o residencial durante o dia é nada.

E que manutenção é essa que não acaba?

Registre sua reclamação e passe adiante.

22 de novembro de 2011

Quem é mais feliz?

A busca da felicidade tem sido um tema recorrente nos dias atuais. Qualidade de vida, bem-estar, conforto, são conceitos que já caíram em descrédito, tamanha a banalização que se fez do seu uso.

Em qualquer meio de mídia vê-se o link do produto com tudo o que há de bom na existência. Vê-se o slogan “compre um apartamento em nosso condomínio e você terá qualidade de vida para sempre”, como se morando lá fôssemos deixar de ter todos os nossos desafios diários afetivos, financeiros, profissionais, filosóficos, urgentes ou crônicos.

E promete-se qualidade de vida em tudo: apartamentos, carros, liquidificadores, geladeiras, celulares (que nos escravizam!), internet, política, polícia, comida, bebida, álcool e outras drogas. Ficou tão corriqueiro que, na minha opinião (com a mão espalmada no peito como faz meu amigo Jojó), usar esses termos chega a queimar o filme da empresa que está tentando vendê-lo.

Pior ainda é a pretens[a opini]ão de comparar felicidade. A minha é melhor do que a sua. Meu trabalho é mais honesto, minha família mais amorosa, sou mais rico...

Como pode alguém, por morar em uma cidade grande, com acesso à internet, celular, carro e todas as mordomias da tecnologia moderna, bem acomodado em seu apertamento, como pode este individuo moderno crer ser mais feliz do que outro que vive no campo, que tem de labutar todos os dias na terra, com calos nas mãos e rachaduras nos pés, cuja pele já carrega as cicatrizes rasgadas pelo tempo e secas pelo sol.

Quem pode afirmar ser mais feliz: um homem que mora no mato ou na metrópole? A dona de casa do interior ou a advogada bem sucedida da capital? Um médico, físico, engenheiro ou professor? Impossível avaliar, pois tão subjetiva é a ponderação sobre os sentimentos da mente humana, que não se pode afirmar haver parâmetro, uma régua ou medida padrão para tamanha comparação.

http://olhares.uol.com.br/cidade_vs_campo_foto1794652.html


Cada pessoa é única, e como tal tem de buscar sua própria felicidade, sua fonte da juventude, aquilo que pode nos fazer tão completos e realizados a ponto de se nos deparamos com um sorriso à toa no meio da tarde, um ócio contemplativo na janela do 9o. Andar. Ou espreguiçar-se em uma reunião, dar-se o incrível luxo de ter – ou não ter – mais luxo, mais tempo, mais nada a fazer. Definitivamente, a maior felicidade está nos momentos mais fugazes e nas menores coisas.

Precisamos de muito autoconhecimento para gerenciar o delicado balanço entre trabalho, família, lazer, saúde, cuidado de si e outras egrégoras, e do resultado disso tudo surge a felicidade mais natural e duradoura, quando tudo entra em sintonia.

É quando a harmonia das esferas se faz ouvir na multidão, basta estar atento. Afinal, a felicidade é instantânea e não duradoura, pontual e não linear, tal qual a própria existência.

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29 de outubro de 2011

MEI - R$5 por mês para estar dentro da lei

"Formalização de empreendedores individuais no Brasil supera em 40% a meta prevista para 2011

De acordo com a Receita, plano de atender a 500 mil contribuintes neste ano foi ultrapassado em mais de 200 mil registros.

A meta de formalizar mais 500 mil novos Empreendedores Individuais (EI) até o final deste ano já foi superada em 200 mil. De acordo com a Receita Federal, ao todo, já são 1.719.444 trabalhadores por conta própria atuando na formalidade e contribuindo para incrementar a economia do País. São pipoqueiros, manicures, açougueiros, chaveiros e bordadeiras que montaram o próprio negócio e que faturam até R$ 36 mil por ano. Em 2012, esse número deve aumentar ainda mais porque o limite foi ampliado para R$ 60 mil por ano.

O secretário de Políticas de Previdência Social, Leonardo Rolim, atribui esse incremento na formalização à redução da alíquota de contribuição para 5% do salário mínimo vigente (R$ 27,25).

O público a ser beneficiado pela política pública é de cerca de 13 milhões, sendo que sete milhões têm capacidade contributiva, ou seja, renda superior ao salário mínimo. O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra a Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (PNAD 2009), segundo a qual 27 milhões de trabalhadores estavam na informalidade, em 2009.

Vantagens

Com o programa, o empreendedor de baixa renda tem um custo reduzido para se formalizar. Para comerciantes, o valor fixo por mês é de R$ 1, e de R$ 5 se a atividade for de serviços. No máximo R$ 33,25 por mês, fixo. Além de permitir ao Empreendedor saber quanto gastará por mês, a formalização possibilita obter crédito mais barato e apoio gerencial.

A cobertura previdenciária para o Empreendedor e sua família é feita com contribuição mensal reduzida - 5% do salário mínimo, hoje R$ 27,25. Com ela, o empreendedor estará protegido em casos de doença, acidentes, além dos afastamentos para dar a luz no caso das mulheres e após 15 anos a aposentadoria por idade. A família do empreendedor terá direito à pensão por morte e auxílio-reclusão.

Ele poderá também registrar até um empregado, com baixo custo mensal: 3% do salário mínimo de contribuição para Previdência e 8% para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), valor total de R$ 59,95. O empregado contribui com outros 8% do seu salário para a Previdência. Todo o processo de formalização é gratuito, ou seja, não há taxa do registro da empresa e concessão de alvará para funcionamento.

Inscrição

O cadastro como empreendedor individual pode ser feito no Portal do Empreendedor. São quase 500 ocupações nas quais o trabalhador pode ser enquadrado como empreendedor individual."

Fonte: Secom - Presidência da República

6 de outubro de 2011

Autoaprimoramento canino

Imagine-se levando seu cãozinho consigo para todos os lugares, nos museus, praças, no cinema, inclusive nos elevadores, ônibus, metrôs e restaurantes!

Pois então, isso não é sonho, é realidade. Em países como a Áustria, Alemanha, Hungria e República Checa (que visitamos recentemente), nossos melhores amigos são aceitos em todos os lugares, sem olhares transversos, como se sempre tivessem freqüentado esses meios sociais.

Se causa transtornos? Jamais! É como se os cães soubessem que ali é um lugar de silêncio, de passeio, de aprendizado ou de conversa ao pé do ouvido. Vimos centenas de situações dessas, e em nenhuma delas ouvimos um único latido, nem mesmo quando havia vários animais no mesmo ambiente.

O que será que ocorre? Será que os cães europeus são mais educados do que os nossos, como escrevi recentemente em outro post, quando em Budapest? Ou será que o hábito de freqüentar bons lugares torna os peludos naturalmente mais sutis e refinados.

Creio serem as duas coisas. Lá, eles são tratados como gente, e como tal se comportam. Ao receberem uma educação rígida, embora sempre carinhosa, e ainda terem a oportunidade de interagir com mais e mais pessoas, de duas ou quatro patas, esses amiguinhos vão-se polindo, até que não estranham um ambiente silencioso ou a presença de seus parceiros deitados sob as mesas a apreciar o movimento.

Podemos levar esse aprendizado para nós, animaizinhos quase pelados de duas patas. O quanto mais nos educamos, polimos, estudamos, mais nos sentimos à vontade em ambientes refinados. E o quanto mais nos expomos a esses ambientes, mais educados e polidos ficamos.

É um círculo virtuoso de autoaprimoramento constante. Claro que isso é muito mais fácil quando começa na infância. Sob a responsabilidade dos pais, as crianças podem crescer educadas ou não, conscientes do mundo à sua volta ou alheios em suas ideias confusas sem chegar a lugar algum. Mas mesmo depois de adultos, embora mais difícil, essa tarefa é possível, e começa pela simples vontade de melhorar.

Portanto, sigamos o exemplo dos cães europeus e aprendamos a sermos sutis em todas as circunstâncias. Até porque estamos longe de levar nossos cães a ambientes fechados, aos quais muitas vezes não queremos levar nem nossos abusados amigos da mesma espécie…

2 de outubro de 2011

Mais uma gafe nas nuvens, desta vez de “premiados chefs”

Há mais de uma década sempre ouvimos reclamações de amigos sobre o tratamento dado pelas companhias aéreas àqueles que, por necessidade ou opção, solicitam alimentação especial durante o voo.

Meu primeiro contato sobre esse tema polêmico foi no início dos anos 2000, no capítulo Alimentação Vegetariana: chega de abobrinha! do livro Boas Maneiras, onde o Educador DeRose resumia as tragicômicas roubadas em que já se metera por solicitar alimentação "especial", nos milhares de voos feitos em 50 anos de carreira, a ministrar cursos e lançar livros mundo afora.

Esse texto tinha apenas oito páginas, mas com o passar do tempo acabou crescendo e se tornando um livro próprio, com o mesmo título. Foi-se ampliando conforme também parecia aumentar a cegueira dos responsáveis pela área nutricional das companhias, perante as mudanças sociais que se lhes passava diante dos olhos.

Respeito na Europa, ignorância no Brasil

Houve muitos os avanços na discussão sobre vegetarianismo, a partir de uma maior conscientização ecológica, dos diversos problemas globais causados pelo bicho-homem, com o significativo aumento da quantidade de pessoas que deixam de comer qualquer tipo de carnes.

Na Europa, quase todos os cardápios já têm uma seção especial sem carnes, e podemos nos denominar vegetarianos sem culpa ou risco de sermos olhados com estranhesa e de recebermos apenas uma salada de alface. Mas no Brasil, isso ainda continua um grande problema. Jamais se diga vegetariano, é como se dizer portador de uma doença contagiosa, a pessoa torce o nariz e dá um passo atrás…

Mas apesar de toda a evolução gastronômica internacional, as empresas aéreas, principalmente as brasileiras, continuam a cometer gafes imperdoáveis, desrespeitos descarados ao consumidor, não obstante inúmeras reclamações já registradas em seus sistemas de atendimento ao cliente.

Bem feito, seu teimoso

Por orientação do meu amigo DeRose em seus livros, sempre costumei fazer minha refeição completa antes do embarque, nos trechos longos ou internacionais, para não depender da sorte ou do humor de um nutricionista “estudado”. Mesmo assim, teimoso como bom gaúcho, certa vez resolvi pedir à TAM a tal alimentação VLML (lacto-ovo-vegetariana, ou vice-versa).

Como a própria denominação já explica, nesse sistema alimentar incluem-se todos os tipos de vegetais (verduras, frutas, folhas, raízes, grãos, leguminosas e incontáveis temperos), além de ovos, leite e derivados. Pensei cá comigo: as coisas já devem ter mudado, não creio que as empresas ainda sirvam só arroz e alface para quem se proclama vegetariano.

Ledo engano. Senti na pele - aliás, no estômago – a realidade desse problema. Como prato principal, enquanto meus colegas de viagem degustavam uma lasanha aos quatro queijos, fui contemplado com um arroz, um ambúrguer de soja e um pouco da maldita salada, nem sei de quê.

A soja não me cai nada bem, para mim é pesada e indigesta, mas como estava com fome, tudo bem, afinal, tinha horas de voo pela frente e a comissária informou-me não haver mais disponibilidade da lasanha aparentemente tão saborosa (comida de avião, vai saber…).

Mousse de chocolate é feito de carne?

Mas o pior ainda estava por vir: como sobremesa, todos receberam uma mousse de chocolate e eu, por ser vegetariano, ganhei uma salada de frutas! Aliás, só de melões! O sangue subiu-me, minha vontade era de bradar aos quarto ventos aquela ignorante injustiça gastronômica. Reclamei com a pobre aeromoça, mas logo percebi que não adiantava, afinal, a escolha do cardápio não é sua tarefa.

Tentando recuperar um pouco do prejuízo, expliquei a situação e pedi se não havia sobrado uma sobremesa daquelas. Ela concordou com o raciocínio de que mousse e chocolate não são carne (óbvio?), e pude abrandar minha indignação com um pouco de açúcar e cacau.

Ah, mas isso é só na classe econômica…

Em outra situação, dessa vez voando em classe executiva mas também pela TAM, novamente arrisquei pedir refeição diferenciada. Na econômica há apenas uma ou duas opções, mas com o preço das passagens de executiva e primeira, eles têm até menu!

Dei sorte, no cardápio havia uma pasta recheada de queijo e nozes ao molho de tomate com legumes, eu nem abri a boca para dizer que tinha pedido comida diferente, claro, e também ninguém perguntou. Ufa, até que comi bem.

Aliás, isso já havia ocorrido em outra viagem de econômica (sempre a TAM). Um dos pratos do dia era VLML, com certeza sem querer, e fiquei bem quietinho… Mas na ocasião do bife de soja não teve jeito, nossos nomes foram anunciados no microfone, para que todos soubessem que estávamos recebendo nosso prêmio por pedir algo diferente.

Pelo menos consegui a sobremesa…

Tadinhas das comissárias

Nessa última vez, o caso já foi um pouco mais complicado. Escrevo com a história ainda fresca, pois acabo de jantar, dessa vez voando de executiva (adivinhe a companhia?). Com o razoável sucesso das experiências anteriores, arrisquei de novo, e mais uma vez o cardápio previa uma boa opção: ravioli recheado de mozzarella com molho de tomate e aspargos. Parece delicioso no ar, não?

Experimentei não avisar nada, mas quando chegou nossa fileira, a moça mencionou o registro da opção. Eu disse que preferiria a pasta, porém não havia mais o ravioli, só as outras duas opções: salmão e frango (engraçado, mesmo com todos os outros passageiros tendo pedido refeição “normal”, o prato naturalmente ovo-lacto foi o primeiro a acabar). Então, qual era a opção VLML dessa vez? Arroz amarelo com pimentão e ervilhas. É sério!

Foi difícil segurar o bom humor. Perguntei se o ravioli por acaso não era também VLML (lembrando: massa, mozzarella, aspargos…), e insisti que era essa nossa opção do cardápio, afinal pagamos muito mais justamente para ter o direito de escolha. Outra colega chegou em reforço e ofereceu-se a buscar o prato para avaliarmos. Credo! Que horror! Um arroz amarelo de não-sei-o-quê, com jeito de requentado há três dias, uns pedaços de pimentões em cima e três vagens anãs de ervilhas enfeitando tudo!

Ficou constrangedor mas até engraçado, as comissárias nem tiveram coragem de insistir, elas também tomaram um susto. Uma rapidamente falou que iria tentar outra alternativa. Depois voltou dizendo que havia certa pasta, também de queijo, com molho branco (não sei de onde surgiu isso em pleno ar, talvez fosse a refeição do piloto…).

Enfim, sem alternativas, aceitei a troca. Depois, claro, pedi desculpas para a funcionária pela breve irritação, que compreendeu perfeitamente e merece todos os elogios pela forma como contornou aquela “coisa” que a empresa oferecia para um cliente executivo como sendo “especial”.

Menu business assinado por chefs premiados

Mas essa história não acaba aqui. É preciso mencionar o nome dos autores dessa obra-prima da “baixa-cozinha”, cujas fotos sorridentes ainda enfeitavam o cardápio, que era orgulhosamente aberto assim: “Menu business class Sabores do Mediterrâneo, pelos premiados chefs Sergio e Javier Torres”.

Não tem jeito, não conseguirei explicar melhor do que a própria TAM: “E você poderá degustar muita criatividade neste menu desenvolvido para a TAM com a consultoria exclusiva de dois chefs premiadíssimos: Sergio e Javier Torres. Saboreie e observe: são aromas exclusivos, texturas sofisticadas e gostos inesquecíveis, sempre com personalidade e leveza. Perfeitos para um voo. Perfeitos para você. Bom apetite!” Arroz com ervilha?

Desculpem-me a extensão do assunto, mas tenho de continuar: “Sergio e Javier Torres, chefs dos restaurantes “Dos cielos”, na Espanha, e “Eñe”, no Brasil, já trabalharam em restaurantes de vários países que, somados, chegam a 24 estrelas Michelin.” Vou parar por aqui, mas o texto segue ainda nessa linha…

Pelamordedeus! Isso lá é prato que dois ditos renomados chefs apresentem como sendo ovo-lacto-vegetariano? Arroz com pimentão? Horrível, tenebroso, guardado e apresentado feito marmita em pleno voo! Acredito que eles nem soubessem disso, mas deviam prestar mais atenção no que estão assinando. Já a TAM precisa urgentemente de uma consultoria realmente especializada, não de nutricionistas acadêmicos, mas de um bom apreciador da culinária apenas sem carnes, mas com cor, sabor, aroma, requinte e estética.

Mas não é só falar com o Presidente da TAM?

O problema é que quando tentamos reclamar ou explicar sobre isso, jamais conseguimos falar com as pessoas que realmente decidem, somos atendidos sempre por um telefonista (quando do pedido prévio) ou pela comissária (já na hora do problema, a 10mil pés), as quais, com toda boa vontade possível, explicam: “sinto muito, senhor..."

Será que um dia conseguiremos vencer essa barreira de ignorância? Será que teremos o direito de saborear um prato agradável em um longo voo, sem ter de comer grama com melões e pimentões ou esconder nossa opção de saúde?

Será que essa mensagem conseguirá chegar a alguém que realmente tenha poder para mudar essa gafe gastronômica que acontece a nas alturas, coisa que nem em terra firme já não ocorre mais?

As companhias continuam atrasando seus voos, mas estão ainda mais atrasadas no quesito alimentação. Está na hora de alguém que mande dizer: “deixa comigo”.

Axioma número zero

Como diz meu amigo Joris Marengo, no fim, o Mestre tinha mesmo razão. Aprendi a lição, não pretendo mais pedir refeição diferenciada.

Mas também não desistirei de tentar mudar essa grande injustiça! E enquanto isso, só nos resta comer bastante antes do embarque...