10 de fevereiro de 2011

Viver ou juntar dinheiro? Os dois, claro!

Tenho recebido de diversas pessoas um e-mail que anda circulando pela internet, com um artigo do consultor Max Gehringer, intitulado "Viver ou juntar dinheiro?" O artigo é muito interessante e orienta sobre a devida importância que devemos dar ao dinheiro em nossa vida, em contraposição ao conceito de "curtir a vida". Mas, sob minha ótica, não está coerente em suas idéias mais intrínsecas.

Em resumo, a questão é: o que é mais importante, juntar dinheiro ou aproveitar a vida? Eu digo: depende da ótica que se dá para estes conceitos... e por fim, dou minha opinião enfática: os dois.

Por exemplo, se estamos considerando “juntar dinheiro” naquele sentido sovina, de juntar por juntar, com a intenção de ficar rico apenas por ficar rico, de ter cada vez mais e mais, sem compartir, curtir, o que se traduzirá em solidão, infelicidade, egoísmo, falta de compaixão, frieza... é claro que o foco em juntar dinheiro parece uma atitude terrível!

Mas se estamos falando de juntar dinheiro para garantir segurança, conforto e estabilidade a você e à sua família, de trabalhar mais no dia de hoje para garantir um dia de amanhã estável e feliz para todos, desde que isso seja feito com o devido equilíbrio entre trabalho, lazer, felicidade, saúde e qualidade de vida, e sempre com muita ética e responsabilidade, que fantástico poder tomar essa decisão com tamanha lucidez!

Da mesma forma, temos uma possível interpretação dúbia ao dizer que é mais importante curtir a vida. O que é isso? Curtir como quem vive ao léu, como quem não ajuda em nada a sociedade, como quem é micróbio social e apenas suga da estrutura existente? Curtir como quem não quer nada com nada, quem usa a desculpa de "apenas viver o dia de hoje" ou de "minha meta de vida é ser feliz" para não fazer nada de concreto, não levar nada até o fim ou não ter de assumir a responsabilidade sobre sua vida?

Isso é, no fundo, uma fuga do mundo real, tanto quanto a daquele indivíduo que junta por juntar, e também acaba isolado. E esse tipo de comportamento é muito fácil quando se tem uma sustentação, ou simplesmente não se tem noção precisa da realidade. E muitas vezes se traduz em um grande desperdício de potenciais criativos e produtivos, em uma leva de pessoas que poderiam estar contribuindo muito mais para uma sociedade melhor, mas preferem ficar alheias ao “sistema”.

Mas por outro lado temos também a possibilidade de curtir a vida, como muito bem sugere nosso amigo Max, comendo pizzas, tomando cafezinhos e caipirinhas, fazendo viagens, comprando roupas caras, adquirindo itens supérfluos e descartáveis... Nossa! Isso sim é que é curtir a vida!

Mas há uma incongruência aí: ele se diz "pobre" aos 61 anos tendo feito isso tudo! Não posso concordar com isso, primeiro porque ele é rico pelo tanto de prazer, felicidade e grandes experiências que pode vivenciar por toda sua vida. Mas, principalmente, porque ele tem um ótimo trabalho, que lhe dá uma excelente remuneração, a qual lhe proporciona acesso a todos esses bens de consumo. Isso é ser pobre? Desculpem-me, mas não é o que eu entendo por este conceito...

Ser pobre, no meu ponto de vista, é passar fome, não ter casa, nunca ter comido uma pizza, jamais ter saído de sua cidade ou estado, não saber se receberá um salário no mês que vem, nem se seus filhos terão comida à mesa. É ter de enfrentar a fila do SUS e esperar seis meses por um simples exame, é ter de pegar dois ônibus lotados para chegar ao trabalho e, no final do mês, ganhar um mísero salário mínimo... ou dois... ou três... E eu lhes garanto, nosso "pobre" amigo consultor ganha muito, mas muito mais do que isso!!

Não tenho bem certeza se quem anda espalhando esses e-mails quer passar a mensagem de "curta a vida porque a vida é curta", de “não trabalhe tanto, não seja sovina” ou, por outro lado, querendo dizer "sou tão mais feliz em ser pobre, porque ser rico dá muito trabalho...", ou talvez "sou pobre porque não consigo ganhar mais do que isso...", ou ainda “não estou disposto a fazer o que seria preciso para ser mais rico, mas eu gostaria de ter um carro mais seguro, de poder conhecer outras culturas, de morar em uma casa maior e mais confortável...”

Creio que o caminho do meio, o princípio sattwa da filosofia Sámkhya, é sempre a melhor opção. Quero sim ficar rico, porque tenho bem claro que o dinheiro não é um fim em sim mesmo, e sim um meio. E, principalmente, porque o dinheiro pode me proporcionar liberdade, como nenhuma outra coisa nem ninguém pode! Trabalho duro todos os dias, pois acredito muito no que faço e sei que estou fazendo a minha parte por um mundo melhor.

Como diz o ditado, ganho mais do que preciso, mas menos do que mereço, com certeza.

Porque a pior pobreza é, sem dúvida, a de espírito...

2 comentários:

  1. Leandro Luís Rodrigues10 de fevereiro de 2011 às 23:37

    Apenas posso dizer: eu concordo contigo! Minha resposta à pergunta "viver ou ganhar dinheiro?" é a mesma que a tua: os dois!

    Precisamos viver qualitativamente, independente da quantidade de salários mínimos que ganhamos, e precisamos do dinheiro para usufruir dos confortos que o mundo oferece. Dinheiro não tráz felicidade, mas ajuda muito a se ser feliz e viver a vida...

    Quanto ao senhor de 61 anos que se diz pobre tendo um ótimo emprego, com ótimo salário e ótimo uso de tudo que seus ganhos proporcionam, creio que ele quis dizer que é mais fácil conquistar fortuna do que sabedoria para viver bem.
    E por menos dinheiro que se tenha, há muita gente pelo Brasil inteiro que consegue ser mais feliz que os mais ricos, pois os desprovidos são lúcidos ao dar um destino às suas falhas,erros, frustrações, falta de conforto e dificuldades. Eles conseguem viver e sentir prazer, enquanto àquele que muito possui materialmente fica encarcerado emocionalmente, preso, derrotado nas suas relações humanas: possuem alta conta bancária, mas um grande déficit emocional. São ótimos para conquistar dinheiro e péssimos para conquistar a tranquilidade.

    Quem tem dinheiro tem bons motivos pra ser alegre, mas vários bem afortunados monetariamente são ansiosos, tristes, excessivamente preocupados e angustiados.
    Há sim muitos ricos que são miseráveis, pois não sabem cuidar de sua qualidade de vida (embora o dinheiro lhes proporcione a possibilidade de TER a qualidade de vida).

    Então, "os dois" é a resposta perfeita. Trabalhar, ser útil, ser recompensado, usufruir do se ganha e, principalmente, ter sabedoria e autoconhecimento para viver a vida. Não adianta ter sem saber o que realmente fazer consigo e com o outro.

    Adorei teu post!

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  2. Filho querido!Acompanho teu crescimento, físico, mental e espiritual e tambem teu crescimento econômico. Parece-te muito com quem tu bem conheçes, e, tu sabes do que falo, mas, acho também que ganhar bem é ótimo, mas tambem é fundamental, gastar bem e ajudar os outros, não importa o grau de parentesco, necessariamente essa ajuda não precisa ser financeira, muitas vezes uma palavra, um soriso um abraço, um gesto de educação representam muito mais do que o dinheiro. Temos ainda como filosofia e fé que apenas somos fiéis depositários de DEUS, dos bens adquiridos nessa existência. Pois vamos admitir que desta vida nada levamos.Parabens. Miguel e Iraci

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