29 de outubro de 2011

MEI - R$5 por mês para estar dentro da lei

"Formalização de empreendedores individuais no Brasil supera em 40% a meta prevista para 2011

De acordo com a Receita, plano de atender a 500 mil contribuintes neste ano foi ultrapassado em mais de 200 mil registros.

A meta de formalizar mais 500 mil novos Empreendedores Individuais (EI) até o final deste ano já foi superada em 200 mil. De acordo com a Receita Federal, ao todo, já são 1.719.444 trabalhadores por conta própria atuando na formalidade e contribuindo para incrementar a economia do País. São pipoqueiros, manicures, açougueiros, chaveiros e bordadeiras que montaram o próprio negócio e que faturam até R$ 36 mil por ano. Em 2012, esse número deve aumentar ainda mais porque o limite foi ampliado para R$ 60 mil por ano.

O secretário de Políticas de Previdência Social, Leonardo Rolim, atribui esse incremento na formalização à redução da alíquota de contribuição para 5% do salário mínimo vigente (R$ 27,25).

O público a ser beneficiado pela política pública é de cerca de 13 milhões, sendo que sete milhões têm capacidade contributiva, ou seja, renda superior ao salário mínimo. O dado é da Pesquisa Nacional por Amostra a Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (PNAD 2009), segundo a qual 27 milhões de trabalhadores estavam na informalidade, em 2009.

Vantagens

Com o programa, o empreendedor de baixa renda tem um custo reduzido para se formalizar. Para comerciantes, o valor fixo por mês é de R$ 1, e de R$ 5 se a atividade for de serviços. No máximo R$ 33,25 por mês, fixo. Além de permitir ao Empreendedor saber quanto gastará por mês, a formalização possibilita obter crédito mais barato e apoio gerencial.

A cobertura previdenciária para o Empreendedor e sua família é feita com contribuição mensal reduzida - 5% do salário mínimo, hoje R$ 27,25. Com ela, o empreendedor estará protegido em casos de doença, acidentes, além dos afastamentos para dar a luz no caso das mulheres e após 15 anos a aposentadoria por idade. A família do empreendedor terá direito à pensão por morte e auxílio-reclusão.

Ele poderá também registrar até um empregado, com baixo custo mensal: 3% do salário mínimo de contribuição para Previdência e 8% para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), valor total de R$ 59,95. O empregado contribui com outros 8% do seu salário para a Previdência. Todo o processo de formalização é gratuito, ou seja, não há taxa do registro da empresa e concessão de alvará para funcionamento.

Inscrição

O cadastro como empreendedor individual pode ser feito no Portal do Empreendedor. São quase 500 ocupações nas quais o trabalhador pode ser enquadrado como empreendedor individual."

Fonte: Secom - Presidência da República

6 de outubro de 2011

Autoaprimoramento canino

Imagine-se levando seu cãozinho consigo para todos os lugares, nos museus, praças, no cinema, inclusive nos elevadores, ônibus, metrôs e restaurantes!

Pois então, isso não é sonho, é realidade. Em países como a Áustria, Alemanha, Hungria e República Checa (que visitamos recentemente), nossos melhores amigos são aceitos em todos os lugares, sem olhares transversos, como se sempre tivessem freqüentado esses meios sociais.

Se causa transtornos? Jamais! É como se os cães soubessem que ali é um lugar de silêncio, de passeio, de aprendizado ou de conversa ao pé do ouvido. Vimos centenas de situações dessas, e em nenhuma delas ouvimos um único latido, nem mesmo quando havia vários animais no mesmo ambiente.

O que será que ocorre? Será que os cães europeus são mais educados do que os nossos, como escrevi recentemente em outro post, quando em Budapest? Ou será que o hábito de freqüentar bons lugares torna os peludos naturalmente mais sutis e refinados.

Creio serem as duas coisas. Lá, eles são tratados como gente, e como tal se comportam. Ao receberem uma educação rígida, embora sempre carinhosa, e ainda terem a oportunidade de interagir com mais e mais pessoas, de duas ou quatro patas, esses amiguinhos vão-se polindo, até que não estranham um ambiente silencioso ou a presença de seus parceiros deitados sob as mesas a apreciar o movimento.

Podemos levar esse aprendizado para nós, animaizinhos quase pelados de duas patas. O quanto mais nos educamos, polimos, estudamos, mais nos sentimos à vontade em ambientes refinados. E o quanto mais nos expomos a esses ambientes, mais educados e polidos ficamos.

É um círculo virtuoso de autoaprimoramento constante. Claro que isso é muito mais fácil quando começa na infância. Sob a responsabilidade dos pais, as crianças podem crescer educadas ou não, conscientes do mundo à sua volta ou alheios em suas ideias confusas sem chegar a lugar algum. Mas mesmo depois de adultos, embora mais difícil, essa tarefa é possível, e começa pela simples vontade de melhorar.

Portanto, sigamos o exemplo dos cães europeus e aprendamos a sermos sutis em todas as circunstâncias. Até porque estamos longe de levar nossos cães a ambientes fechados, aos quais muitas vezes não queremos levar nem nossos abusados amigos da mesma espécie…

2 de outubro de 2011

Mais uma gafe nas nuvens, desta vez de “premiados chefs”

Há mais de uma década sempre ouvimos reclamações de amigos sobre o tratamento dado pelas companhias aéreas àqueles que, por necessidade ou opção, solicitam alimentação especial durante o voo.

Meu primeiro contato sobre esse tema polêmico foi no início dos anos 2000, no capítulo Alimentação Vegetariana: chega de abobrinha! do livro Boas Maneiras, onde o Educador DeRose resumia as tragicômicas roubadas em que já se metera por solicitar alimentação "especial", nos milhares de voos feitos em 50 anos de carreira, a ministrar cursos e lançar livros mundo afora.

Esse texto tinha apenas oito páginas, mas com o passar do tempo acabou crescendo e se tornando um livro próprio, com o mesmo título. Foi-se ampliando conforme também parecia aumentar a cegueira dos responsáveis pela área nutricional das companhias, perante as mudanças sociais que se lhes passava diante dos olhos.

Respeito na Europa, ignorância no Brasil

Houve muitos os avanços na discussão sobre vegetarianismo, a partir de uma maior conscientização ecológica, dos diversos problemas globais causados pelo bicho-homem, com o significativo aumento da quantidade de pessoas que deixam de comer qualquer tipo de carnes.

Na Europa, quase todos os cardápios já têm uma seção especial sem carnes, e podemos nos denominar vegetarianos sem culpa ou risco de sermos olhados com estranhesa e de recebermos apenas uma salada de alface. Mas no Brasil, isso ainda continua um grande problema. Jamais se diga vegetariano, é como se dizer portador de uma doença contagiosa, a pessoa torce o nariz e dá um passo atrás…

Mas apesar de toda a evolução gastronômica internacional, as empresas aéreas, principalmente as brasileiras, continuam a cometer gafes imperdoáveis, desrespeitos descarados ao consumidor, não obstante inúmeras reclamações já registradas em seus sistemas de atendimento ao cliente.

Bem feito, seu teimoso

Por orientação do meu amigo DeRose em seus livros, sempre costumei fazer minha refeição completa antes do embarque, nos trechos longos ou internacionais, para não depender da sorte ou do humor de um nutricionista “estudado”. Mesmo assim, teimoso como bom gaúcho, certa vez resolvi pedir à TAM a tal alimentação VLML (lacto-ovo-vegetariana, ou vice-versa).

Como a própria denominação já explica, nesse sistema alimentar incluem-se todos os tipos de vegetais (verduras, frutas, folhas, raízes, grãos, leguminosas e incontáveis temperos), além de ovos, leite e derivados. Pensei cá comigo: as coisas já devem ter mudado, não creio que as empresas ainda sirvam só arroz e alface para quem se proclama vegetariano.

Ledo engano. Senti na pele - aliás, no estômago – a realidade desse problema. Como prato principal, enquanto meus colegas de viagem degustavam uma lasanha aos quatro queijos, fui contemplado com um arroz, um ambúrguer de soja e um pouco da maldita salada, nem sei de quê.

A soja não me cai nada bem, para mim é pesada e indigesta, mas como estava com fome, tudo bem, afinal, tinha horas de voo pela frente e a comissária informou-me não haver mais disponibilidade da lasanha aparentemente tão saborosa (comida de avião, vai saber…).

Mousse de chocolate é feito de carne?

Mas o pior ainda estava por vir: como sobremesa, todos receberam uma mousse de chocolate e eu, por ser vegetariano, ganhei uma salada de frutas! Aliás, só de melões! O sangue subiu-me, minha vontade era de bradar aos quarto ventos aquela ignorante injustiça gastronômica. Reclamei com a pobre aeromoça, mas logo percebi que não adiantava, afinal, a escolha do cardápio não é sua tarefa.

Tentando recuperar um pouco do prejuízo, expliquei a situação e pedi se não havia sobrado uma sobremesa daquelas. Ela concordou com o raciocínio de que mousse e chocolate não são carne (óbvio?), e pude abrandar minha indignação com um pouco de açúcar e cacau.

Ah, mas isso é só na classe econômica…

Em outra situação, dessa vez voando em classe executiva mas também pela TAM, novamente arrisquei pedir refeição diferenciada. Na econômica há apenas uma ou duas opções, mas com o preço das passagens de executiva e primeira, eles têm até menu!

Dei sorte, no cardápio havia uma pasta recheada de queijo e nozes ao molho de tomate com legumes, eu nem abri a boca para dizer que tinha pedido comida diferente, claro, e também ninguém perguntou. Ufa, até que comi bem.

Aliás, isso já havia ocorrido em outra viagem de econômica (sempre a TAM). Um dos pratos do dia era VLML, com certeza sem querer, e fiquei bem quietinho… Mas na ocasião do bife de soja não teve jeito, nossos nomes foram anunciados no microfone, para que todos soubessem que estávamos recebendo nosso prêmio por pedir algo diferente.

Pelo menos consegui a sobremesa…

Tadinhas das comissárias

Nessa última vez, o caso já foi um pouco mais complicado. Escrevo com a história ainda fresca, pois acabo de jantar, dessa vez voando de executiva (adivinhe a companhia?). Com o razoável sucesso das experiências anteriores, arrisquei de novo, e mais uma vez o cardápio previa uma boa opção: ravioli recheado de mozzarella com molho de tomate e aspargos. Parece delicioso no ar, não?

Experimentei não avisar nada, mas quando chegou nossa fileira, a moça mencionou o registro da opção. Eu disse que preferiria a pasta, porém não havia mais o ravioli, só as outras duas opções: salmão e frango (engraçado, mesmo com todos os outros passageiros tendo pedido refeição “normal”, o prato naturalmente ovo-lacto foi o primeiro a acabar). Então, qual era a opção VLML dessa vez? Arroz amarelo com pimentão e ervilhas. É sério!

Foi difícil segurar o bom humor. Perguntei se o ravioli por acaso não era também VLML (lembrando: massa, mozzarella, aspargos…), e insisti que era essa nossa opção do cardápio, afinal pagamos muito mais justamente para ter o direito de escolha. Outra colega chegou em reforço e ofereceu-se a buscar o prato para avaliarmos. Credo! Que horror! Um arroz amarelo de não-sei-o-quê, com jeito de requentado há três dias, uns pedaços de pimentões em cima e três vagens anãs de ervilhas enfeitando tudo!

Ficou constrangedor mas até engraçado, as comissárias nem tiveram coragem de insistir, elas também tomaram um susto. Uma rapidamente falou que iria tentar outra alternativa. Depois voltou dizendo que havia certa pasta, também de queijo, com molho branco (não sei de onde surgiu isso em pleno ar, talvez fosse a refeição do piloto…).

Enfim, sem alternativas, aceitei a troca. Depois, claro, pedi desculpas para a funcionária pela breve irritação, que compreendeu perfeitamente e merece todos os elogios pela forma como contornou aquela “coisa” que a empresa oferecia para um cliente executivo como sendo “especial”.

Menu business assinado por chefs premiados

Mas essa história não acaba aqui. É preciso mencionar o nome dos autores dessa obra-prima da “baixa-cozinha”, cujas fotos sorridentes ainda enfeitavam o cardápio, que era orgulhosamente aberto assim: “Menu business class Sabores do Mediterrâneo, pelos premiados chefs Sergio e Javier Torres”.

Não tem jeito, não conseguirei explicar melhor do que a própria TAM: “E você poderá degustar muita criatividade neste menu desenvolvido para a TAM com a consultoria exclusiva de dois chefs premiadíssimos: Sergio e Javier Torres. Saboreie e observe: são aromas exclusivos, texturas sofisticadas e gostos inesquecíveis, sempre com personalidade e leveza. Perfeitos para um voo. Perfeitos para você. Bom apetite!” Arroz com ervilha?

Desculpem-me a extensão do assunto, mas tenho de continuar: “Sergio e Javier Torres, chefs dos restaurantes “Dos cielos”, na Espanha, e “Eñe”, no Brasil, já trabalharam em restaurantes de vários países que, somados, chegam a 24 estrelas Michelin.” Vou parar por aqui, mas o texto segue ainda nessa linha…

Pelamordedeus! Isso lá é prato que dois ditos renomados chefs apresentem como sendo ovo-lacto-vegetariano? Arroz com pimentão? Horrível, tenebroso, guardado e apresentado feito marmita em pleno voo! Acredito que eles nem soubessem disso, mas deviam prestar mais atenção no que estão assinando. Já a TAM precisa urgentemente de uma consultoria realmente especializada, não de nutricionistas acadêmicos, mas de um bom apreciador da culinária apenas sem carnes, mas com cor, sabor, aroma, requinte e estética.

Mas não é só falar com o Presidente da TAM?

O problema é que quando tentamos reclamar ou explicar sobre isso, jamais conseguimos falar com as pessoas que realmente decidem, somos atendidos sempre por um telefonista (quando do pedido prévio) ou pela comissária (já na hora do problema, a 10mil pés), as quais, com toda boa vontade possível, explicam: “sinto muito, senhor..."

Será que um dia conseguiremos vencer essa barreira de ignorância? Será que teremos o direito de saborear um prato agradável em um longo voo, sem ter de comer grama com melões e pimentões ou esconder nossa opção de saúde?

Será que essa mensagem conseguirá chegar a alguém que realmente tenha poder para mudar essa gafe gastronômica que acontece a nas alturas, coisa que nem em terra firme já não ocorre mais?

As companhias continuam atrasando seus voos, mas estão ainda mais atrasadas no quesito alimentação. Está na hora de alguém que mande dizer: “deixa comigo”.

Axioma número zero

Como diz meu amigo Joris Marengo, no fim, o Mestre tinha mesmo razão. Aprendi a lição, não pretendo mais pedir refeição diferenciada.

Mas também não desistirei de tentar mudar essa grande injustiça! E enquanto isso, só nos resta comer bastante antes do embarque...