
Esta foi a resposta de um homem de Likoni, uma área muito pobre nos subúrbios de Mombasa, no Quénia, quando lhe perguntaram o que tinha acontecido com mais de US$55,000 que o governo local deveria ter usado para construir a Escola Secundária de Mrima. O homem, nos seus 30 anos, ficava ao lado de um buraco com os seus vizinhos à volta; declaradamente o buraco era onde o Comité de Desenvolvimento do Distrito Eleitoral tinha começado a cavar as fundações para a escola, para depois abandonar o projecto sem explicações.
De acordo com o representante do bairro, o
projecto de toda forma não era o certo. “Ninguém veio à comunidade para
perguntar se queríamos uma escola aqui. O que precisamos é um
dispensário,” ele disse, enquanto os outros balançavam a cabeça
murmurando seu assentimento.
Não tem que ser assim. Os orçamentos governamentais são importantes para todos, e os cidadãos querem saber, e têm o direito de saber, o que têm no orçamento do seu pais. E deveriam existir mecanismos para participação pública e prestação de contas para manter os orçamentos no caminho certo." (Open Budget Survey 2012)
Este é um trecho do resultado de uma pesquisa chamada Open Budget Survey (OBS), que mede, a cada dois anos, a
transparência, a participação e a fiscalização orçamentária de países
em todo o mundo.
A corrupção é algo tão historicamente arraigado na cultura
brasileira, desde os tempos de colônia, que já virou bordão: "não
adianta, todos os políticos são corruptos mesmo..."
Mas quem elege os
políticos? O povo. Os eleitos são representantes do povo, então pela
lógica pode-se pensar que todos os cidadãos são corruptos, porque
escolheram dentre seus pares quem os representaria no governo, no congresso, assempleias estaduais, câmaras de vereadores. Você acha mesmo que todo brasileiro é corrupto? Você se o considera?

Por exemplo, você sabia que o Brasil é o 12º país mais transparente, dentre 100 avaliados pela International Budget Partnership (IBP), à frente de nações como
Chile, Alemanha e Espanha? Isso também está na pesquisa Open Budget Survey, mas quantos cidadãos brasileiros sabem dessa informação?
Nem tudo são flores, em contrapartida, embora venha havendo uma evolução anual, ainda estamos mal colocados em outra lista, essa bem desagradável: em 2012 ficamos em 69º de 176 países pesquisados, no ranking global de percepção da corrupção no setor público, publicado anualmente pela ONG Transparência Internacional (TI). O ranking é liderado pela Dinamarca, que tem a menor percepção de
corrupção do mundo, seguida de Finlândia e Suécia. A Somália é o país
com a mais alta percepção de corrupção, segundo a TI.
É fato, "a transparência e a participação pública
podem ajudar a identificar desvios de dinheiro e a melhorar a eficácia
das despesas públicas" (OBS). O relatório da IBP também avaliou a força das instituições de auditoria. Nesse quesito, o Brasil recebeu nota máxima (100). Mais um dado real de que nosso país está
mudando.

E no Brasil? O que você está fazendo para cobrar honestidade e resultados de seus representados?
Porque só reclamar não muda nada, e dinheiro público é da nossa conta.
Esclareça-se!