25 de fevereiro de 2011

Shiva Natarája

Na Índia, uma das variações mais conhecidas de Shiva é a sua forma Natarája, o Rei dos Bailarinos. Podemos observar em Natarája a combinação do asceta (o yôgi) com o dançarino (o artista). Ambos são considerados idênticos em suas performances, pela completa auto-entrega. Shiva é o criador mitológico do Yôga e das ciências metafísicas hindus, assim como das artes, especialmente a dança e a música.

O mais notável nesta tradicional imagem mitológica de bronze são os quatro braços de Shiva. O tambor na mão direita confirma sua origem pré-ariana: os dravidianos são formidáveis com o tambor. Simbolicamente, o tambor (damaru) é o som primordial, que simboliza o princípio do som, da palavra: do som vem toda a linguagem, a música e o conhecimento. O tambor simboliza também o éter ou espaço, que propaga o som e também o primeiro elemento que surgiu. O Unmai Villakam, versículo 36, diz: "A criação vem do tambor...". Será isso uma surpreendente intuição do big-bang da física moderna? A concordância é, pelo menos, perturbadora.

Com a mão direita, erguida em abhaya mudrá, gesto de afastamento do medo, da proteção e das bênçãos, Shiva diz: "Eu protejo". Na mão esquerda, ao alto, formando a ardhachandra mudrá (gesto da meia lua), ele tem o fogo, como elemento de destruição do mundo, da dissolução da criação. O tambor e o fogo representam o contínuo ciclo cósmico de criação e dissolução. Afronta para os brâhmanes, Shiva reúne em si três funções cósmicas: criação, proteção, dissolução. Para eles, Brahmá cria, Vishnu protege, e deixaram para Shiva o poder inglório de destruir!

A mão esquerda à frente traz a gajahasta mudrá que descreve, na dança indiana, a tromba do elefante. A tromba tem a simbologia do discernimento: o elefante sabe exatamente discernir a força que deve usar quando arranca uma árvore ou quando apanha uma palha no chão. No caminho do autoconhecimento é necessário o discernimento para que possamos separar o que é real (absoluto, eterno, verdadeiro) e o que é irreal (relativo, passageiro, mutante).

O pé esquerdo levantado transmite ao homem que ele também se levante a si mesmo na busca de sua Verdade Interior. O pé direito, neste momento da Dança Cósmica, está apoiado sobre um homem com corpo de criança e rosto de adulto – Apasmara Purusha, simbolizando o ego infantil, a imaturidade emocional, a irresponsabilidade – também chamado de Avidyá, a ignorância, a falta de conhecimento de si e de lucidez. Nataraja controla esses vrittis, essas instabilidades da consciência. Simbolicamente, é a sabedoria subjugando a ignorância: segundo o sábio Pátañjali, a ignorância é o maior obstáculo ao autoconhecimento.

O conjunto repousa num pedestal em forma de lótus, a flor sagrada da Índia que representa os chakras, os poderes interiores inerentes ao Ser Humano. Esta representação de Natarája mostra um círculo de chamas em torno dele, simbolizando a iluminação da consciência, e a dança da natureza, tendo Shiva, o Próprio Um, no centro. Dele tudo emana e nele tudo se dissolve.



Sua cabeleira reúne muitos símbolos. Jóias ornam seus cabelos trançados, cujas mechas inferiores dão voltas, indicando a impetuosidade de sua dança, que mantém o universo: enquanto Shiva dança, o Universo existe; se Shiva parar de dançar, o Universo pára, e se desfaz. Outra fantástica comparação: no grão de areia, para mim insignificante e imóvel, os elétrons giram em torno de si mesmos (o spin), "valsando" ao redor do núcleo dos átomos a milhões de quilômetros por segundo. Se, no cosmo, de repente, todos os elétrons, assim como a energia cósmica, parassem, o universo cairia de imediato no "nada dinâmico" (akasha) de onde proveio!

O rio Ganges brota do alto de sua cabeça, como prova da sua força e poder supremos. No topo de seu jutajata, o cóqui sagrado, o crescente lunar, simbolizando a ascendência de Shiva sobre a dualidade e os humores do dia e da noite. Em sua orelha direita, um brinco de homem, na esquerda, um brinco de mulher, indicando que ele reúne em si os dois sexos, o equilíbrio perfeito, em sua versão Ardhanaríshwara (hermafrodita), eliminando a dualidade do masculino-feminino, do bem-mal, do humano-divino.

Suas jóias acentuam sua divindade: usa ricos colares no pescoço, seu cinto é coberto de jóias preciosas, braceletes ornam seus pulsos, seus tornozelos, seus braços, e leva anéis nos dedos e nos artelhos! Veste um calção de pele de tigre e uma faixa, e uma serpente se enrosca em seus cabelos, sem lhe fazer mal – representando o controle sobre os instintos animalescos, a sublimação.

Todo o conjunto transmite uma impressão de impetuosidade graciosa, leve e fácil: apesar de sua dança desenfreada, o rosto de Shiva continua sereno. Na fronte, abre-se o terceiro olho, o ájña chakra, centro de força responsável pela intuição, que atravessa as aparências e transcende o sensorial.

Para quem sabe ver e, principalmente, perceber, a dança de Shiva, numa concisão comovente, revela o Humano e o Supremo, em uma eterna busca cíclica.

Assim, Shiva é Natarája, o rei da Dança.
.

24 de fevereiro de 2011

Rudráksha - lágrima de Shiva




Rudráksha significa lágrimas de Shiva. É o nome de uma semente considerada sagrada pelos hindus, utilizada para confeccionar japamálás (cordão com 108 contas adotado para execução de japa).

Consta que ela contém uma bactéria que combate inflamações, infecções e outros problemas de saúde física, bem como influencia estados de paranormalidade.

Essa bactéria estaria em estado de suspensão de vida enquanto seca e voltaria a reproduzir-se quando umedecida pelo contato com a pele.

O fato é que ela é reverenciada e seus efeitos louvados até num Shástra, a Rudráksha Upanishad.

.

19 de fevereiro de 2011

Homenagem especial ao Comendador DeRose



A este grande empreendedor, visionário, escritor, professor, educador, que tanto nos motiva a mudar o mundo – seja o interno, através do autoaprimoramento constante, seja o externo, com civilidade nas relações interpessoais e atitudes pró-ativas – deixo aqui esta homenagem e minha eterna gratidão.

Muito obrigado, Mestre!
Prof. Rodrigo De Bona
Julho de 2010


Trecho redigido pela Comissão Editorial
do livro D
eRose: Histórico e Trajetória

DeRose é Doutor Honoris Causa, Comendador e Notório Saber por várias entidades culturais e humanitárias, Conselheiro Emérito da Ordem dos Parlamentares do Brasil, Conselheiro da Academia Brasileira de Arte, Cultura e História, e Conselheiro da Academia Latino-Americana de Arte. Em 2010, comemora 50 anos na profissão de educador e 24 anos de viagens à Índia, frequentando durante essas estadas no país inúmeras escolas e outras entidades culturais, nas quais buscou aprimorar seu conhecimento da Filosofia Hindu.

Reconhecimento pelas instituições culturais e humanitárias, pelo Exército Brasileiro, pela Assembléia Legislativa, pelo Governo do Estado, pela Câmara Municipal, pela Polícia Militar, pela Defesa Civil, pela Associação Paulista de Imprensa, pelo Rotary, pela Câmara Brasileira de Cultura, pela Ordem dos Parlamentares do Brasil etc.

Comemorando 40 anos de carreira no ano 2000, recebeu em 2001 e 2002 o reconhecimento do título de Mestre (não-acadêmico) e Notório Saber pela FATEA – Faculdades Integradas Teresa d’Ávila (SP), pela Universidade Lusófona, de Lisboa (Portugal), pela Universidade do Porto (Portugal), pela Universidade de Cruz Alta (RS), pela Universidade Estácio de Sá (MG), pelas Faculdades Integradas Coração de Jesus (SP), pela Câmara Municipal de Curitiba (PR).

Em 2001, recebeu da Sociedade Brasileira de Educação e Integração a Comenda da Ordem do Mérito de Educação e Integração. Em 2003, recebeu outro título de Comendador, agora pela Academia Brasileira de Arte, Cultura e História. Em 2004, recebeu o grau de Cavaleiro, pela Ordem dos Nobres Cavaleiros de São Paulo, reconhecida pelo Comando do Regimento de Cavalaria Nove de Julho, da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Em 2006, recebeu a Medalha Tiradentes pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e a Medalha da Paz, pela ONU Brasil. No mesmo ano, recebeu o reconhecimento do título de Doutor Honoris Causa pela Câmara Brasileira de Cultura, pela Universidade Livre da Potencialidade Humana e por várias outras instituições culturais e o Diploma do Mérito Histórico e Cultural no grau de Grande Oficial. Foi nomeado Conselheiro da Ordem dos Parlamentares do Brasil.

Em 2007, recebeu o título de Sócio Honorário do Rotary e a medalha Paul Harris da Fundação Rotária do Rotary International. No mesmo ano foi agraciado com a Medalha Internacional dos Veteranos das Nações Unidas e dos Estados Americanos. Nesse mesmo ano recebeu a Cruz Acadêmica da Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de São Paulo “por ações meritórias e enaltecedoras ao desenvolvimento da Nação”. Em 30 de janeiro de 2007, recebeu Moção de Votos de Júbilo e Congratulações da Câmara Municipal de São Paulo (RDS 3059/2006). Em 27 de março de 2007, recebeu Voto de Louvor e Congratulações da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná “por seus relevantes serviços prestados”. Em dezembro de 2007 recebeu a Medalha Marechal Falconière.

Em 2008, recebeu a Láurea D. João VI em comemoração pelos 200 anos da Abertura dos Portos. No dia do seu aniversário, 18 de fevereiro, recebeu da Câmara Municipal o título de Cidadão Paulistano. Em março, foi agraciado pelo Governador do Estado de São Paulo com o Diploma Omnium Horarum Homo, da Defesa Civil. Neste ano, recebeu também a Cruz da Paz dos Veteranos da Segunda Guerra Mundial, a Medalha do Mérito da Força Expedicionária Brasileira, a Medalha MMDC pelo Comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo, a Medalha do Bicentenário dos Dragões da Independência do Exército Brasileiro e a Medalha da Justiça Militar da União. Em novembro de 2008, foi nomeado Grão-Mestre da Ordem do Mérito das Índias Orientais, de Portugal.

Em virtude das suas atuações nas causas sociais e humanitárias, no dia 2 de dezembro, recebeu uma medalha da Associação Paulista de Imprensa. No dia 4 de dezembro, foi agraciado com a medalha Sentinelas da Paz, pelos Boinas Azuis da ONU de Joinville, Santa Catarina. No dia 5 de dezembro, recebeu, na Câmara Municipal de São Paulo a Cruz do Reconhecimento Social e Cultural. No dia 9 de dezembro, recebeu no Palácio do Governo a medalha da Casa Militar, pela Defesa Civil, em virtude da participação nas várias Campanhas do Agasalho do Estado de São Paulo e na mobilização para auxiliar os desabrigados da tragédia de Santa Catarina. No dia 22 de dezembro, recebeu mais um diploma de reconhecimento da Defesa Civil no Palácio do Governo.

Em janeiro de 2009, recebeu o diploma de Amigo da Base de Administração e Apoio do Ibirapuera, do Exército Brasileiro. Na Câmara Municipal de São Paulo, DeRose recebeu o título de Cidadão Paulistano no dia do seu aniversário, 18 de fevereiro de 2008.

Atualmente, DeRose comemora 25 livros escritos, publicados em vários países e mais de um milhão de exemplares vendidos. Por sua postura avessa ao mercantilismo, conseguiu o que nenhum autor obtivera antes do seu editor: a autorização para permitir free download de vários dos seus livros pela Internet em português, espanhol, alemão e italiano, bem como MP3, sem ônus, dos CDs de prática e disponibilizou dezenas de webclasses gratuitamente no site http://www.metododerose.org/.

Todas essas coisas foram precedentes históricos. Isso fez de DeRose o mais citado e, sem dúvida, o mais importante escritor do Brasil na área de autoconhecimento, pela energia incansável com que tem divulgado a filosofia Hindu nos últimos quase 50 anos em livros, jornais, revistas, rádio, televisão, conferências, cursos, viagens e formação de novos instrutores. Formou mais de 6000 bons instrutores e ajudou a fundar milhares de espaços de cultura, associações profissionais, Federações, Confederações e Sindicatos. Hoje tem sua obra expandida por: Argentina, Chile, Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Escócia, Itália, Indonésia, Estados Unidos (incluindo o Havaí) etc.

DeRose é apoiado por um expressivo número de instituições culturais, acadêmicas, humanitárias, militares e governamentais, que reconhecem o valor da sua obra e o tornaram o Mestre de filosofia hindu mais condecorado no mundo com medalhas, títulos e comendas. Contudo, ele sempre declara:

“As honrarias com que sou agraciado de tempos em tempos pelo Exército Brasileiro, pela Assembléia Legislativa, pelo Governo do Estado, pela Câmara Municipal, pela Polícia Militar, pela Defesa Civil, pela Associação Paulista de Imprensa, pelo Rotary, pela Câmara Brasileira de Cultura, pela Ordem dos Parlamentares do Brasil e por outras entidades culturais e humanitárias tratam-se de manifestações do respeito que a sociedade presta ao trabalho de todos os profissionais desta área. Assim, sendo, quero dividir com você o mérito deste reconhecimento.”


18 de fevereiro de 2011

Feliz aniversário, Mestre!

Este é certamente o desejo dos milhares de Instrutores e praticantes do Método DeRose pelo mundo afora.

"Hoje, além de ser oficiamente comemorado o Dia do Yôga em 13 estados do Brasil, é um dia ainda mais especial pois DeRose completa hoje 67 primaveras!

Deixemos todos aqui o registro do nosso carinho e admiração por essa grande pessoa!

Um grande beijo no coração, querido Mestre! Espero que os votos de amor, força e longevidade de todos os seus amigos possam ser sentidos com muito carinho em seu peito e que lhe tragam neste dia um sentimento mais que especial.

Tenha um feliz e maravilhoso aniversário rodeado por todos os que tanto te amam!"

(Publicado em 18/02/2011 no www.MetodoDeRose.org/blog por Daniel Cambría.)

----------------

QUEM É O COMENDADOR DeROSE
Com 25 livros publicados em vários países e mais de
um milhão de exemplares vendidos, comemorando
50 anos de magistério em 2010, tem sido agraciado
com dezenas de comendas, títulos e medalhas,
por diversas instituições culturais e humanitárias.
.

13 de fevereiro de 2011

Com quantas palavras se faz um livro?

A língua portuguesa contém quantidade incerta de palavras. Alguns estudiosos calculam em 320.000 vocábulos, outros chegam a considerar mais de 400.000, incluindo aqueles que há séculos caíram em desuso. Já o Dicionário Houaiss possui cerca de 228.000 verbetes. Por sua vez, pesquisas indicam que uma pessoa com nível de instrução média possui cerca de 1500 palavras em seu vocabulário ativo, aquele utilizado no dia-a-dia. Só isso? Com essa quantidade de conhecimento fica praticamente impossível fazer conexões linguísticas e mesmo neurais suficientes para se elaborar um bom livro, ainda que de tamanho básico.

Por exemplo, a obra Tratado de Yôga (DeRose, Ed. Nobel), o maior compêndio de técnicas da história dessa filosofia, possui cerca de 970 páginas e 180.000 palavras – claro que contadas aqui sem considerar as repetições dos mesmos vocábulos. Mas haja conteúdo para escrever uma obra deste porte! Um livro de “apenas” 130 páginas, em tamanho padrão (16x23cm) costuma ter aproximadamente 30.000 palavras.

O que nos dá mais vocabulário, então, para superar essa enorme barreira? A leitura de qualidade. Tomando contato com novos textos, temas e estilos, ampliamos a quantidade de dados armazenados em nosso HD, que é o cérebro, essa máquina incrível cuja dimensão de habilidades de criação, imaginação e arquivamento na memória ainda hoje, em pleno século XXI, nos é desconhecida. Alguns bons exemplos de literatura prazerosa, nem sempre tão leve, mas muito dinâmica e enriquecedora, são as obras dos grandes autores brasileiros e de língua portuguesa, tais como José Saramago, Machado de Assis, Jorge Amado, DeRose (já aqui bastante recomendado), Rubem Fonseca, Clarice Lispector e tantos outros.

(Trecho do livro Mãos à obra, de Rodrigo De Bona)
.

12 de fevereiro de 2011

I Café Literário do Método DeRose em Santa Catarina

Hoje vivenciamos um momento histórico! O primeiro encontro da Academia Catarinense de Letras do Método DeRose. Um projeto que está nascendo de um grupo de escritores e amantes da literatura, para discutir os caminhos da produção literária, as dificuldades e experiências de cada um.

Chamamos esse primeiro encontro de I Café Literário, pois nos reunimos também para apreciar um bom café, comidinhas deliciosas e, claro, um papo muito divertido. E o resultado foi fantástico! Saímos ainda mais motivados para ler e escrever, pesquisar, estudar, aprender cada vez mais sobre essa extraordinária língua portuguesa. E o resultado disso será degustado por todos os apreciadores da Nossa Cultura.

-----------------

Há quem prefira escrever um livro inteiro de uma só vez, isolando-se durante semanas sem ser incomodado. Outros escrevem um pouco por dia, com disciplina espartana, e conseguem concluir seus projetos dentro do prazo a que se propõem. E há a grande maioria, que escreve um pouco de cada e acaba não concluindo livro algum, pois lhes falta aquilo que chamamos de “acabativa”, um neologismo criado por Stephen Kanitz que designa a capacidade de efetivamente finalizar aquilo que se começa com tão louvável iniciativa.

Qualquer que venha a ser o seu estilo, seja disciplinado, escreva, estabeleça seus próprios prazos e cobre de si os resultados. Ou, se preferir, peça ajuda a um life style coach, alguém que lhe conduza pelos caminhos de uma filosofia saudável e dinâmica de vida, com mais disciplina, lucidez, auto-observação, aprimoramento pessoal constante e autoconhecimento.

Para escrever bem, leia muito. Se você não gosta de ler, não vai gostar de escrever. Pode até gostar, mas sentirá tanta dificuldade que não irá muito longe. E quanto mais conteúdo tiver, mais vastos e profundos serão os seus textos, maior amplitude de vocabulário você utilizará, evitando repetições de termos, e mais variedade de estruturação frasal obterá, fazendo com que seus textos sejam leves, fluidos e prazerosos ao leitor.

A leitura deve ser um passeio com os olhos e a mente pelas folhas, produzindo no leitor uma sensação similar à que se alcança quando se assiste a um filme, de certa forma passivo ao andamento do texto que se lhe apresenta, assimilando aquela quantidade imensa de informações, mas definitivamente participante do enredo, compartilhando percepções, ideias, insights, desejos, emoções, conhecimento.

Evidentemente o objetivo aqui é estimular a boa leitura, em especial da literatura reconhecida, que nos traz sabedoria, estilo, vocabulário, imaginação e prazer. O estudo de livros técnicos, conforme seja sua área de trabalho, demanda uma ressalva especial: não leia todos os livros que existem por aí, apenas por conterem tema correlato ao de seu interesse. Como diz DeRose, "resista heroicamente à tentação de ler qualquer coisa, só por tratar-se de alguma matéria supostamente semelhante. É melhor reler várias vezes um bom livro técnico a ler vários livros novos contraindicados".

Lembre-se que antes de se ter algum tipo de relação profissional com livros, não se descobre quão ruim é a maioria deles (George Orwell).


(Adaptado do livro Mãos à Obra - um guia prático para publicação de livros, de Rodrigo De Bona)

11 de fevereiro de 2011

A pedra em movimento


A pedra está ali,
Imóvel, imutável.

Há séculos parece estar
Sempre no mesmo lugar,
Insensível, indissolúvel, inabalável.

Mas está em movimento
Com tamanha sutileza
Que meus olhos não o veem
Mas o coração sente.

E se tocar com atenção,
Não do ouvido nem da mão
Mas da própri'alma,
Dá pra perceber o movimento,
Sutil e secular,
De uma pedra viva
A nos observar
Ao longo dos milênios,
Rindo desses seres
De vida tão fugaz.

A sutileza está na pedra
Muito mais que em nossa vida
Pois ela está e estará
Quando nós já não mais.

(Rodrigo De Bona - 6/9/2010)

10 de fevereiro de 2011

Viver ou juntar dinheiro? Os dois, claro!

Tenho recebido de diversas pessoas um e-mail que anda circulando pela internet, com um artigo do consultor Max Gehringer, intitulado "Viver ou juntar dinheiro?" O artigo é muito interessante e orienta sobre a devida importância que devemos dar ao dinheiro em nossa vida, em contraposição ao conceito de "curtir a vida". Mas, sob minha ótica, não está coerente em suas idéias mais intrínsecas.

Em resumo, a questão é: o que é mais importante, juntar dinheiro ou aproveitar a vida? Eu digo: depende da ótica que se dá para estes conceitos... e por fim, dou minha opinião enfática: os dois.

Por exemplo, se estamos considerando “juntar dinheiro” naquele sentido sovina, de juntar por juntar, com a intenção de ficar rico apenas por ficar rico, de ter cada vez mais e mais, sem compartir, curtir, o que se traduzirá em solidão, infelicidade, egoísmo, falta de compaixão, frieza... é claro que o foco em juntar dinheiro parece uma atitude terrível!

Mas se estamos falando de juntar dinheiro para garantir segurança, conforto e estabilidade a você e à sua família, de trabalhar mais no dia de hoje para garantir um dia de amanhã estável e feliz para todos, desde que isso seja feito com o devido equilíbrio entre trabalho, lazer, felicidade, saúde e qualidade de vida, e sempre com muita ética e responsabilidade, que fantástico poder tomar essa decisão com tamanha lucidez!

Da mesma forma, temos uma possível interpretação dúbia ao dizer que é mais importante curtir a vida. O que é isso? Curtir como quem vive ao léu, como quem não ajuda em nada a sociedade, como quem é micróbio social e apenas suga da estrutura existente? Curtir como quem não quer nada com nada, quem usa a desculpa de "apenas viver o dia de hoje" ou de "minha meta de vida é ser feliz" para não fazer nada de concreto, não levar nada até o fim ou não ter de assumir a responsabilidade sobre sua vida?

Isso é, no fundo, uma fuga do mundo real, tanto quanto a daquele indivíduo que junta por juntar, e também acaba isolado. E esse tipo de comportamento é muito fácil quando se tem uma sustentação, ou simplesmente não se tem noção precisa da realidade. E muitas vezes se traduz em um grande desperdício de potenciais criativos e produtivos, em uma leva de pessoas que poderiam estar contribuindo muito mais para uma sociedade melhor, mas preferem ficar alheias ao “sistema”.

Mas por outro lado temos também a possibilidade de curtir a vida, como muito bem sugere nosso amigo Max, comendo pizzas, tomando cafezinhos e caipirinhas, fazendo viagens, comprando roupas caras, adquirindo itens supérfluos e descartáveis... Nossa! Isso sim é que é curtir a vida!

Mas há uma incongruência aí: ele se diz "pobre" aos 61 anos tendo feito isso tudo! Não posso concordar com isso, primeiro porque ele é rico pelo tanto de prazer, felicidade e grandes experiências que pode vivenciar por toda sua vida. Mas, principalmente, porque ele tem um ótimo trabalho, que lhe dá uma excelente remuneração, a qual lhe proporciona acesso a todos esses bens de consumo. Isso é ser pobre? Desculpem-me, mas não é o que eu entendo por este conceito...

Ser pobre, no meu ponto de vista, é passar fome, não ter casa, nunca ter comido uma pizza, jamais ter saído de sua cidade ou estado, não saber se receberá um salário no mês que vem, nem se seus filhos terão comida à mesa. É ter de enfrentar a fila do SUS e esperar seis meses por um simples exame, é ter de pegar dois ônibus lotados para chegar ao trabalho e, no final do mês, ganhar um mísero salário mínimo... ou dois... ou três... E eu lhes garanto, nosso "pobre" amigo consultor ganha muito, mas muito mais do que isso!!

Não tenho bem certeza se quem anda espalhando esses e-mails quer passar a mensagem de "curta a vida porque a vida é curta", de “não trabalhe tanto, não seja sovina” ou, por outro lado, querendo dizer "sou tão mais feliz em ser pobre, porque ser rico dá muito trabalho...", ou talvez "sou pobre porque não consigo ganhar mais do que isso...", ou ainda “não estou disposto a fazer o que seria preciso para ser mais rico, mas eu gostaria de ter um carro mais seguro, de poder conhecer outras culturas, de morar em uma casa maior e mais confortável...”

Creio que o caminho do meio, o princípio sattwa da filosofia Sámkhya, é sempre a melhor opção. Quero sim ficar rico, porque tenho bem claro que o dinheiro não é um fim em sim mesmo, e sim um meio. E, principalmente, porque o dinheiro pode me proporcionar liberdade, como nenhuma outra coisa nem ninguém pode! Trabalho duro todos os dias, pois acredito muito no que faço e sei que estou fazendo a minha parte por um mundo melhor.

Como diz o ditado, ganho mais do que preciso, mas menos do que mereço, com certeza.

Porque a pior pobreza é, sem dúvida, a de espírito...

8 de fevereiro de 2011

A lei do menor esforço favorece a quem?


Há uma máxima do capitalismo e da relação patrão x empregado que diz: o empregado trabalha o mínimo possível para que o patrão não lhe mande embora. Já o patrão paga o mínimo possível para que o empregado não vá embora.

Essa relação é completamente neurótica!! É a lei do menor esforço, onde cada um tenta o tempo todo puxar para si a brasa para assar sua sardinha com o mínimo de fogo possível. Mais do que isso, vejamo-la ainda sob alguns aspectos interessantes.

Segundo a mais-valia de Karl Marx, o patrão quer sempre tirar o máximo proveito da sua mão-de-obra, para maximizar seu lucro no negócio. Isso dá a entender que o negócio só é bom para o patrão, ou que este é sempre o vilão da história. E como tal, há um "pré-conceito" do empregado em relação a qualquer patrão: se é patrão, é vilão...

Assim, o comportamento do empregado também passa a ser de "mais-valia inversa", pois ele também passa a querer tirar o máximo de proveito da relação. Afinal, trabalhar menos para ganhar a mesma coisa é uma forma muito coerente de "maximizar seu lucro", pois se está ganhando mais pelo mesmo produto/resultado.

Essa comparação capitalista nos leva a um segundo aspecto da relação empregador-empregado, mais psicológico. O que se vê aqui é um egoísmo exacerbado de ambas as partes. Cada um está muito mais preocupado com o "seu", com sua satisfação, bem-estar e lucratividade. É uma visão bastante torta da ética utilitarista, uma relação de ganha-perde em que cada um tenta tirar o máximo do outro, sugá-lo até virar uma uva passa, sem compreender que sem o outro não há sequer uva. Então essa relação egocêntrica se transforma em um grande círculo vicioso de raiva e rancor, um estúpido e inconsciente "perde-perde" sem fim...

Ampliando tal visão, chegamos ao aspecto sociológico do tema. O humano é um ser gregário por natureza, logo, tende a se agrupar em bandos por similaridade de interesses. Assim, os patrões se reúnem em seus encontros da high society, sutis por fora e brutos por dentro, em seus sindicatos e federações, enquanto os empregados se reúnem em torno de qualquer grande mesa, regado a muita música, comida e bebida, também em seus sindicatos e federações. Cada um falando mais mal possível da outra parte, sem compreender que só estão a multiplicar esta raiva inconsciente da qual já nem se sabe mais a origem primeira.

A quem favorece realmente essa lei subjetiva do menor esforço? No final das contas, favorece apenas àquele que é nosso grande sócio, que participa com 40% em qualquer negócio sem sequer precisar assinar nada, aquele que está acima de tudo, que nos comanda com sua mão invisível: o Estado. Afinal, ele leva sem pestanejar de ambas as partes os impostos, sem considerar a justiça da relação ou a ambiguidade paradoxal da contra-relação.

Mas este não é um artigo para falar de governo, e sim das relações humanas. De quão instáveis são e quão paranóicas inclusive. Agimos contra o outro porque "achamos" que o outro também está a agir contra nós. É como se fosse parte do instinto de sobrevivência... mas já não passamos dessa fase límbica de reagir em uma eterna síndrome de luta ou fuga? Já não deveríamos ter aprendido, depois de algumas dezenas de milhares de anos dessa nossa existência humanóide, a sentar e conversar, a buscar na maioria das vezes o bem-comum, ou pelo menos o que seja o bem-comum naquele momento para ambas as partes?

E isso se aplica não apenas para a relação de emprego, mas também nas amizades, nos relacionamentos familiares e, principalmente, afetivos. Devemos sempre buscar uma negociação ganha-ganha, fazer mais do que o menor esforço para que tudo dê certo não apenas para nós mesmos, mas para o outro.

Não parece fazer muito mais sentido que os indivíduos trabalhem sempre unidos por um mesmo ideal? Claro que cada um de nós abraçará, ao longo da vida, centenas de pequenos ideais, mais um punhado de outros bem grandes. Porém, a caminhada é sempre mais divertida e produtiva quando não é feita só.

Afinal, a união não faz só açúcar...