30 de dezembro de 2010

Eu conheci DeRose

Certa vez travei contato com um livro impressionante, que me fez conhecer uma pessoa especial: um senhor já com barbas brancas e poucos cabelos. Aquela biografia contundente, muito lúcida, com conteúdo extremamente técnico, completo, descrevia detalhes de sua vida difícil. Mas a leitura foi facilmente devorada em um único dia, tamanha sua fluidez e leveza.
Eu estava a receber uma visão dilatada sobre o comportamento humano, as relações interpessoais, a cultura, a arte, o trabalho, a filosofia, o universo ao meu redor. Desvelava-se a mim um profissional tão dedicado, que inevitavelmente acabou por tornar-se o melhor em seu meio. Já se vão quase cinco décadas de exclusiva entrega em prol daquilo em que acredita. Ninguém teria tamanha garra em um métier tão mal conhecido, sem reconhecimento por parte da maioria do público.
A partir desse contato, senti um ímpeto irresistível de participar da árdua e gratificante tarefa de ensinar reeducação comportamental aos quatro ventos. Evidentemente o trabalho deveria começar por mim mesmo. Seguiram-se então dez anos de profundo estudo, prática, convivência, mais estudo, mais prática, mais convivência... e muita gratidão.
Acompanhei certas dificuldades pelo seu caminho, e tive o privilégio de compartilhá-las várias vezes, tentando atenuar-lhe o peso. Mas ele jamais desistiu. Continuou lutando como um guerreiro da verdade, sem esmorecer. Viajou o mundo todo ensinando e aprendendo, de kombi, de ônibus, de carro, em aviões que eu nunca poria os meus pés, alcançando lugares que eu provavelmente nem conhecerei.
Depois de algum tempo, muitas pessoas passaram a compartilhar com ele seus ideais. São discípulos fiéis que hoje, 50 anos depois, caminham ao seu lado e levam a milhões a sua mensagem de sabedoria. Esse retorno é tão gratificante que lhe enche de vitalidade a cada novo encontro com a vasta família que ajudou a construir.
Mas como toda pessoa especial, ele também sofre. Não deve ser nada fácil transmitir um ensinamento e não ser compreendido, tantas e tantas vezes. Ou ainda ser difamado, como única reação possível à sua competência e honestidade incomensuráveis. Mesmo assim com certeza é muito feliz, pois já pode ver seu trabalho finalmente espargido como uma teia por todo o mundo.
Parafraseando seu próprio sútra, DeRose é uma locomotiva, e como tal vive a puxar muitos vagões. Portanto, esforcemo-nos para compreender suas palavras, e que reverbere sempre em nós a missão de perpetuá-las.

(Texto elaborado para o livro Eu Conheci DeRose, ainda não publicado por este Educador.)

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