29 de setembro de 2011

Quadrilhas de velhinhos de bike pela Europa!

Uma coisa nos impressionou bastante durante nosso passeio na Europa nesse ano de 2011. Aliás, milhões de coisas nos impressionaram, claro, mas esta não poderia passar sem destaque. E talvez já a tenhamos visto em tantas outras viagens, mas só agora isso se nos revelou.

É incrível a quantidade de velhinhos com que cruzamos em todos os lugares, fazendo turismo, em grandes grupos, em família ou mesmo em casais, de mãos dadas pelas ruas!

Tão bonitinhos vê-los olhando tudo com o encanto de uma criança. E de fato o são. Esses senhores e senhoras, apesar da idade avançada, conseguem manter a curiosidade, a vontade de aprender coisas novas e, em especial, a inquietude inerente à infância.

E não estamos falando de pessoas de meia idade, e sim daqueles os quais as estatísticas atuais já consideram idosos, com mais de 70 anos! Dizem que hoje em dia os 50 são os novos 40, e assim por diante. Esses idosos, são aqueles em cuja face já estão inexoravelmente cravadas as marcas do tempo, dos prazeres e desalentos, das virtudes e vícios.

E o corpo, este veículo tão sensível que carrega nosso ímpeto a todos os lados: frágeis, curvados, endurecidos pela vida, ainda assim todos eles passeiam nos lugares mais impensáveis, com bengalas, muletas, cadeiras de rodas e até andadores! Isso mesmo, vimos muitos idosos - mas muitos mesmo, não 10 ou 20, e sim centenas! - nos pontos turísticos que nós, no auge de nossos "novos 30", já sentimos dificuldade em alcançar. Normalmente em passeios guiados, organizam-se em grupos e vão adiante, sem qualquer receio.

Topos de castelos e torres de catedrais, salas e salas de museus, pontes, montanhas, cachoeiras, cavernas. Eles estão em todo lugar! No seu tempo, vão percorrendo os caminhos que os levam a adquirir mais e mais conhecimento.

Por exemplo, no ponto mais alto e mais difícil que visitamos, a 1885 metros de altitude (Eisreisenwelt, as maiores cavernas de gelo do mundo), lá estavam eles, subindo lentamente todos os 1400 degraus dentro da cave, depois de longas trilhas subindo em curvas, sempre apoiados em seus andadores com rodinhas, transpirando a paciência de quem já não pode apressar-se, tanto porque o corpo não o deixa fazê-lo, quanto pois de fato não têm pressa de que o tempo se lhes passe ainda mais.

Mas não os vimos só de bengalas, vimos de bicicleta! Andam aos bandos pelas excelentes ciclovias européias, hordas de idosos totalmente equipados, com suas roupas de montanha, mochilas, cantis e capacetes.

Não se deixaram abater por aquelas marcas físicas do tempo, continuam com seus corpos flexíveis e fortes, tal qual com certeza o são seus espíritos. Tampouco têm qualquer vergonha da estranheza que causa o contraste entre a face enrugada, cabelos brancos, e aquelas roupas esquisitas coladas ao corpo e muito coloridas. Andam pelas estradas, bosques, cidades históricas e metrôs (sim, na Europa pode-se entrar de bicicleta no metrô, sem problemas! E isso não incomoda a ninguém, pois há, acima de tudo, respeito pelo outro).

Ficamos imaginando se, quando tivermos aquela idade, teremos o fôlego, a força e, principalmente, a vontade que deles emana, de fazer centenas de quilômetros por visuais mágicos de montanhas e vales, em cima de bikes, com mochilas enormes às costas!

Essa energia (prána) e essa vontade (bháva) pode sim ser mantidas por muito tempo. É o que nos propõem os conceitos e técnicas do Método DeRose, a filosofia de vida que escolhemos, e que nos impulsiona a fazer coisas e ir a lugares antes impensados, que nos mantêm eternamente jovens, nos estimula à imortalidade, através da perpetuação de obras concretas, construídas com nossas próprias mãos.

Estar vivo não significa viver a vida. São coisas completamente diferentes. Para mantermo-nos vivo, precisamos dos amigos, dos sonhos, das realizações, dos desafios, das viagens, das experiências inesquecíveis.

E é o que fazem esses jovens velhinhos, um exemplo para muitos de nós, acomodados na cadeira do escritório ou no sofá da sala, um estímulo para que continuemos vivos e em movimento, somando a eterna curiosidade da criança à perene experiência do ancião.







Um comentário:

  1. Sim, tudo isso nos encantou! Mas nada tão dizível quanto a curiosidade implícita. A curiosidade que os move para muito além de fé ou raiva. Curiosidade. Curiosidade. Isso sim nos coloca em movimento. Excelente texto meu amor!!!

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