26 de janeiro de 2011

Jamais aceite um não como resposta

Você já enfrentou alguma situação em que precisa insistir em algo com alguém, e essa pessoa, cheia de si, diz que aquilo não é possível? Provavelmente tantas... talvez mesmo todos os dias...

Por exemplo, você vai à Prefeitura fazer uma solicitação, e o funcionário simplesmente diz, sem pestanejar, que o que você quer não dá. Você negocia com um fornecedor e ele diz que não consegue mais desconto ou prazo. Argumenta com seu parceiro conjugal sobre o programa do fim de semana e ele/ela contra-argumenta com certa impaciência que aquele filme é chato...

Esses comportamentos são automáticos e inconscientes, resultado de anos de treinamento para não ser importunado ou incomodar-se o mínimo possível. Essa é a lógica do funcionamento humano e esses condicionamentos a tradição Sámkhya chama vásanás e samskáras, conforme o grau de profundidade com que estão arraigados no subconsciente. É a tal "resistência à mudança" de que tanto ouvimos falar hoje em dia no mundo corporativo.

Em todos esses comportamentos, se você estiver atento, notará um fator em comum, a deixa de que você necessita para virar o jogo: embora a pessoa lhe contrarie quase que de imediato, automaticamente, seguindo seu condicionamento recorrente, não demonstra muita segurança sobre o que está falando, ou, se demonstrar, fica mais evidente a impaciência, a falta de vontade de descobrir se aquilo realmente é possível ou vale a pena, do que a certeza do seu conteúdo.

Para essas situações, costumo lançar mão de uma máxima de vida que desenvolvi desde a minha adolescência, e tem se mostrado extremamente eficaz no alcance de resultados: "está com a razão aquele que titubeia menos na argumentação. Que parece ter mais certeza do que está falando. Não precisa tê-la, basta estar seguro de que a tem."

Você, leitor, perguntará "como assim?"

Assim mesmo, simples, na cara de pau, quando o funcionário da Prefeitura diz que não dá com determinado grau de certeza, você diz "dá sim" demonstrando mais firmeza e segurança que ele. É um fenômeno psíquico, não sei explicar, só sei que funciona. Imediatamente seu interlocutor vai titubear e pensar "nossa, ele está falando com tanta propriedade, parece entender tanto do assunto... deve estar certo mesmo..."

Às vezes isso não funciona logo na primeira argumentação, você precisa desenvolver mais sua teoria de "por que aquilo é possível ou desejável". Aí entra uma boa dose de treinamento, lógica, habilidade de blefar e, claro, sempre muita polidez, educação e simpatia – mas, acima de tudo, absoluta segurança.

"Dá sim porque um amigo meu veio aqui na semana passada e conseguiu" ou talvez "esse filme é ótimo, vi uma crítica excelente do Rubens Ewald Filho na TV!", ou ainda "mas da última vez que comprei aqui o outro vendedor meu deu esse mesmo desconto, não é justo agora eu pagar mais..."

Jamais aceite um não como resposta. Vá adiante, insista, descubra os meios, desvende os segredos, abra os caminhos e não desista nunca!

Perdi a conta de quantas coisas importantes eu consegui na vida por não ter aceitado um simples "não" ou "não dá" como resposta, por ter deixado claro que eu não ia desistir, e, em especial, por ter demonstrado a firmeza das minhas afirmações – ainda que muitas vezes lá no meu íntimo elas nem eram assim tão firmes...

Às vezes são "sucessinhos" simples, mas que vão lhe facilitar ou agilizar o cotidiano; outras resultam em vitórias fundamentais para sua realização, e farão toda a diferença mais tarde em sua existência, determinando seu sucesso ou fracasso.

Pode ser uma espécie de blefe sim, mas que mal tem. Desde que você esteja sendo honesto em suas convicções, e saiba que não está interferindo negativamente no karma de ninguém, não há mal nisso. Claro, vale sempre uma boa e rápida avaliação nos yamas e niyamas para ter certeza de que você não está subvertendo a ordem natural das cousas.

Mas de modo geral funciona muito bem! Experimente, treine com seus amigos e você se surpreenderá com o resultado. Demonstrar essa segurança faz de um seguidor um líder, de um comandado um comandante, de um acomodado um verdadeiro empreendedor...

É só uma mudança de hábito e, acredite, fará toda a diferença no seu destino!!

Um forte abraço.

3 comentários:

  1. Leandro Luís Rodrigues26 de janeiro de 2011 às 14:11

    "Leandro Luís curtiu seu post" hehehe!

    Concordo com sua fundamentação, prática e exemplos. Seu método é muito eficaz em negócios, em órgãos públicos, lojas, compras, vendas, política, pequenas decisões sobre onde ir e o que fazer...

    Todavia, quando adentramos o campo de crenças, opiniões profissionais, posicionamentos pessoais e relacionamentos (amorosos ou não) é importante saber o momento de recuar ao invés de fincar o pé em uma discussão/argumentação infindável, onde nenhuma das partes abrirá espaço para tentar compreender o outro.

    É fundamental que ocorra o questionamento de nossos atos, se em algum momento nós possamos estar errados, ao invés de simplesmente julgar e colocar o próximo como o errados. Recuar e repensar é sinal de humildade, de estratégia e sabedoria também.

    É útil lembrar que muitos não estão preparados para entender certas verdades/realidades e que cada um precisa de seu tempo interno para compreender e amadurecer. Muitas vezes levamos anos para chegar à conclusão X e queremos que nosso interlocutor aceite e entenda nosso posicionamento em 5 minutos, quando na verdade o outro também levou anos para construir a crença oposta. A visão da realidade não é igual para todos e é preciso saber conviver com os "nãos". E mesmo ambos dizendo não, tudo pode virar um grande sim.

    O importante é abrir nossa mente à argumentação para assim mostrar nossos pontos de vista, sem arrogância, sem imponência e com muito respeito.

    Respeito é a palavra chave. Se houver respeito mútuo, consentimentos sempre ocorrem, de uma parte ou de outra. Recuar no momento adequado também é uma mudança de hábito que pode fazer mudanças em nossos destinos. Principalmente em casamentos, namoros e amizades.

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  2. Hummm, esse texto me lembrou Hardy, a hiena daquele desenho. Nunca na realidade entendi por que aquele chato irresponsável do Lippy nunca ouvia os conselhos da ponderada hiena. Quantos problemas e quantas decepções seriam evitadas se Lippy se envolvesse somente em empreitadas com probabilidade de sucesso de no mínimo 101%. Hardy sempre foi o meu herói. Tentei com afinco espelhar-me nele. Obviamente eu sabia desde o início que eu não estava à altura da mítica hiena. Eu não ia conseguir igualá-la, não ia dar certo. Por fim, não sem muita luta, desisti. Não pretendo tentar isso outra vez. Para não aceitar esse não, o Sr. Rodrigo terá de escrever outro texto. Já aviso que não vai dar certo.

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  3. Uma coisa é achar que algo não vai dar certo e, como nossa amiga hiena, ficar reclamando disso, parada sem fazer nada.
    Outra coisa é SABER que não vai dar certo, mas AGIR e fazer de tudo pra evitar que o errado aconteça. É um paradoxo interessante, mas funciona. Daí no final dá certo.
    E o pior, nesses casos, é que vc sempre vai ouvir de alguém "viu, eu disse que não precisava ser tão pessimista, pq no final ia dar certo, pq vc se estressou tanto...?"
    Claro, no final deu certo, pq vc sabia que não ia dar, mas AGIU pra evitar o erro! Pros outros parece que deu certo por milagre, mas vc se danou todo pra FAZER dar certo, hehe.
    Então da mesma forma que jamais devemos aceitar um não, tb jamais devemos esperar os erros acontecerem pra dizer "viu, eu avisei". Mas, ao mesmo tempo, temos de SEMPRE achar que vai dar errado, pra AGIR e evitar o erro.
    Mas essa conversa teria sido muito mais legal se tivesse sido feita lá no blog, como comentário, hehe.
    Um abraço a todos os meus amigos otimistas.

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